Dirigir um Caoa Chery com 115 mil quilômetros faz a gente rever conceitos. Bom acabamento, motor turbo disposto e conjunto mecânico íntegro mostram que o carro é resistente e pode ser uma opção de compra até mesmo por quem está acostumado com as marcas tradicionais.
O modelo que a plataforma Eu Dirijo experimentou é o Tiggo 8 TXS ano 2022, o SUV de sete lugares que colocou a marca em outro patamar no país. O carro, aliás, está à venda aqui no nosso site.
Exterior
A dianteira é marcada pelos volumes pronunciados nos para-choques. Na parte inferior o alojamento é para as luzes de condução diurna em led. O modelo não tem faróis de neblina. Os faróis principais são em led com seta dinâmica.
Na lateral, destaque para as rodas de dezoito polegadas diamantadas, que combinam com as linhas arredondadas da lateral. Barras no teto não são flutuantes e a porta traseira é grande para facilitar o acesso.
Atrás, lanternas traseiras em led e luzes de neblina na parte inferior. A abertura do porta-malas é automática. Com sete lugares em posição, o compartimento tem 150 litros de capacidade. Quando rebatida a última fileira de bancos, são 650 litros.
Interior
É pela última fileira, aliás, que a gente começa a falar do interior. O espaço é para dois ocupantes “pequenos” ou crianças. O acabamento dos bancos segue o couro com bom padrão do restante do carro. Portas tem revestimento suave ao toque.
Na dianteira, luzes ambiente aumentam a sensação de requinte. O banco do motorista tem regulagem elétrica. O teto solar panorâmico permite a abertura da parte frontal.
No painel, destaque para o bom acabamento sem rebarbas ou encaixes ruins. O cluster, painel de instrumentos, é digital com cerca de dez polegadas. Ele não simula instrumentos analógicos mas tem fácil leitura e opções de visualização. O tom alulado no modo normal combina com a iluminação da cabine.
A tela de mídia ao centro é posicionada na horizontal. Há interação pelo volante ou pela própria tela tátil. Destaque para o conjunto de câmeras 360 graus, que se acionam nas manobras ou conversões. Assim o motorista acompanha o trajeto do carro e evita esbarrar em obstáculos.
No banco de trás, a posição é mais baixa em relação aos dianteiros. O que pode ser um incômodo para quem gosta de olhar para frente nas viagens. Já o espaço para pernas permite conforto, sem esbarrar no banco dianteiro. Assento e encosto são anatômicos.
Dirigindo
Ao volante, o motorista senta em posição elevada e em um banco que abraça. O capô não é longo como outros SUV’s e a sensação não é de dirigir um carro grande.
Com 115 mil quilômetros no hodômetro, o Tiggo 8 avaliado não apresentou batidas na suspensão nem ruído de desgaste acentuado nos freios. A caixa automatizada faz as trocas com rapidez e sem que o motorista perceba. O que mostra um conjunto ainda preservado, assim como o sistema de dupla embreagem banhada a óleo. Caixas automatizadas já foram equipamentos que deram dor de cabeça e muita gente passou a torcer o nariz para elas. Mas aqui, é possível perceber uma evolução do sistema.
Motor
Acelerar um carro turbo atual é certeza de entrega rápida de potência. É o que acontece com o 1.6 16V Turbo GDI do Tiggo 8. E se a pressão no acelerador for grande, ele arranca cantando pneu, troca de primeira para segunda marcha e volta a cantar pneu em segunda. São 187 cv de potência e 28 kfm de torque.
Ou seja, um conjunto muito disposto e que nos permite uma comparação com o 3.6 V6 da Dodge Journey, modelo mais antigo, mas de proposta equivalente. Ele também arranca cantando pneu. No entanto, o 1.6 turbo entrega mais potência imediata e tem comportamento próximo nesse Tiggo 8.
A única ressalva fica quanto aos bicos injetores do sistema de injeção direta de combustível. Um ruído quase imperceptível surgia em marcha lenta. O que denota a necessidade de uma revisão no sistema. Para um carro com mais de cem mil quilômetros, é algo perfeitamente aceitável. Por outro lado, a corrente de acionamento do comando de válvulas dá mais tranquilidade na manutenção. As médias de consumo urbano, de acordo com o computador de bordo, ficaram em 9,2 km/L.
Assistências
O Tiggo 8 já está equipado com equipamentos que o deixam em sintonia com o que há de padrão hoje no mercado. Na cidade, o alerta de ponto cego nos espelhos retrovisores dá sinais luminosos e aviso sonoro ao motorista. Atrás, há alerta de tráfego cruzado para manobras em ré. O sistema hold permite que o motorista tire o pé do freio quando o carro estiver parado em semáforos.
Vale a pena?
Dois anos e 115 mil quilômetros depois, essa é a pergunta principal deste texto. E a resposta pra ela é: sim, vale a pena.
Primeiro porque o carro mostrou integridade mecânica no percurso urbano que fizemos. Segundo porque o bom acabamento está preservado e resiste ao uso e ao tempo. Por fim, pelas assistências que este Tiggo 8 oferece, em sintonia com o mercado atual.
Reportagem e fotos: Guilherme Rockett