Renault Kwid Intense na nossa avaliação

Em tempos de transporte individual por aplicativo, nas grandes cidades é possível que não há que nunca tenha andado em um Renault Kwid. O modelo subcompacto ganhou espaço por estar presente na oferta das locadoras e também por ser um dos modelos mais baratos hoje no mercado. Por isso, quem está procurando carro passou a olhar com mais atenção pra ele. O canal Veículos & Velocidade experimentou a versão Intense, intermediária na gama do Kwid à combustão.

 

Com a chegada das versões mais básicas do Citroën C3, o trio de modelos mais baratos do Brasil fica composto também com o Fiat Mobi. Mas comparando o desenho dos três carros, o modelo da Renault se destaca no apelo visual, mais interessante a partir da versão Intense. Ele ganha de série calotas que se parecem com rodas e há opção da roda de liga-leve com teto bicolor. Além disso, há elementos para a iluminação diurna em Led e o farol de dupla parábola. A grade dianteira é imponente para um subcompacto, com todo o apelo crossover.

Na lateral, destaque para espelhos pretos e aplique nas molduras das caixas de roda. É a partir da versão Intense que o Kwid ganha lanternas com elementos em led para iluminação noturna, item inexistente nos outros dois carros. A partir do ano modelo 2024, ele recebe repetidor de seta na lateral e um botão para abertura do porta-malas na tampa. Na parte inferior do pára-choque, não há pintura e o modelo também não tem sensor de estacionamento. Há sim a câmera de ré e também a possibilidade de abertura do compartimento de bagagens por um botão na chave.

 

O espaço é para 290 litros. Comprido, acomoda bem as bagagens ao oposto do que se encontra no Fiat Mobi. Também tem revestimento completo em carpete de boa qualidade.

 

Couro num subcompacto?

Na parte interna, a versão Intense a apresenta bancos com aplique em couro sintético, tecido com elementos em azul e costuras aparentes. O painel, ainda que em plástico rígido, tem elementos em preto piano, assim como a moldura da alavanca de câmbio. Uma sofisticação que não existe nos concorrentes. O sistema de mídia é o Media Evolution da Renault, que inclui conexão com celulares e também mostra informações do computador de bordo do carro, além da pontuação para uma condução mais econômica.

O painel de instrumentos eliminou ponteiros. No lugar deles estão leds que vão se acendendo conforme o giro do carro sobe e também indicam a temperatura do motor e o nível no tanque de combustível. O velocímetro é digital em uma tela de baixa resolução que também inclui informações do computador de bordo. Para puristas que apreciam dirigir, o contagiros é impreciso porque as escalas são de 500 em 500 rotações. Para um usuário comum, talvez isso não faça diferença.

A chave é do tipo canivete com comandos para travamento e destravamento e também a abertura do porta-malas. Mas os vidros não levantam com um toque no botão. É preciso fechar as janelas antes de desligar o carro. Os traseiros são a manivela. A versão Intense tem o espelho retrovisor elétrico de série, o que facilita o uso no dia a dia. Além disso, todas as versões têm indicador de portas abertas, capaz de apontar qual delas que não está fechada corretamente. Motoristas de aplicativo vão perceber a utilidade dessa função.

No banco traseiro, o padrão de revestimento é o mesmo, com materiais diferenciados na categoria. O espaço para as pernas é mais apertado até pelo tamanho do carro. A movimentação de pés é razoável. É preciso ter em mente que o carro é pequeno para saber o que esperar dele. Não dá para entrar pensando estar em um sedã médio.

O volante não tem ajustes e o banco não tem regulagem em altura. Pessoas de estatura mediana conseguem encontrar uma boa posição de condução. O problema é que ao acionar a embreagem, o joelho e o pé ficam mais altos. No trânsito intenso, pode gerar desconforto.

 

O que não é legal

Uma característica do Renault Kwid é a vibração excessiva quando o carro arranca ou faz manobras em ré. Chega ao ponto de passar barulho forte para dentro do carro. Essa vibração, possivelmente, vem do conjunto de motor e câmbio “trabalhando”. No caso do Kwid, a suspeita é que os coxins que apoiam o conjunto propulsor são subdimensionados e incapazes de filtrar toda essa vibração. No Fiat Mobi, por exemplo, isso não acontece.

 

Por outro lado, a direção elétrica é extremamente leve e com o volante pequeno, fica fácil do motorista fazer manobras. Não há comandos no próprio volante porque os botões da mídia estão um comando satélite logo atrás, exatamente como no Scenic de tempos atrás.

 

O motor 1.0

O motor 1.0 SCe três cilindros tem duplo comando de válvulas no cabeçote e acionamento por corrente. São quatro válvulas por cilindro. O conjunto gera 68 cavalos de potência com gasolina e 9,4 kgfm de torque com o mesmo combustível. O que garante agilidade para arrancadas e capacidade para rodar em estradas mantendo velocidades mais altas. Não será, claro, capaz de acelerar como um 1.0 turbo. Mas pelo tamanho do subcompacto, ele oferece sim desempenho suficiente.

Dentro da cidade, é fácil dirigir e o carro e se consegue sair de situações de aperto com tranquilidade porque é pequeno e agil. Aclives mais intensos vão exigir reduções de marcha e um embalo antes. Pisos irregulares acabam sendo sentidos em parte pelos ocupantes. No entanto, a suspensão elevada garante que o carro não vai tocar no chão. Ele também consegue passar em quebra-molas ou faixas elevadas sem oferecer risco.

Estacionar o carro carro e uma tarefa fácil, especialmente auxiliada pela câmera de ré. Os mais experientes não vão sentir falta do sensor de estacionamento. Mas ele poderia estar presente pelo menos como opcional.

Os números de consumo são excelentes, chegando a 12,5 km/l de média com gasolina na cidade e superando os 17 km/l na estrada. Se a tocada for leve e o motorista estiver rodando dentro dos limites, é possível esperar números na casa dos 20 km/l.

Depois de alguns dias rodando com o subcompacto da Renault, é possível perceber o quanto os carros de entrada evoluíram em termos de desenho e também de equipamentos. Ainda que o Kwid tenha falhas, especialmente na questão da vibração e isolamento, é inegável que o modelo de entrada já parte de um pacote mais recheado de equipamentos. Especialmente quando a gente fala da versão Intense que tem quase todos os itens quando a gente compara com a aventureira Outsider. A diferença são apenas detalhes estéticos.

Reportagem: Guilherme Rockett
Fotos: Marco Escada – colaboração